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No dia 13 de abril de 2009 o Presidente da Moradia e Cidadania, Pedro Monteiro Torres Neto, foi homenageado em Goiânia, pelo COEP – Comitê de Entidade no Combate à Fome e pela Vida – Prêmio Betinho 2008 do Estado de Goiás.
Lançado em 2008, o prêmio tem com o objetivo de prestigiar pessoas que, em seu dia a dia, lutam contra a fome e contribuem para a promoção dos direitos de cidadania. Foram premiadas 28 pessoas de todas as regiões brasileiras.
O evento foi realizado no auditório da Caixa Econômica Federal, Rua 11, nº 250, esquina com Avenida Anhanguera – Centro, com início às 09h00m.
Confira a entrevista do Presidente da Moradia e Cidadania e ganhador do Prêmio Betinho 2008, Goiás, Pedro Monteiro Torres Neto. A entrevista foi concedida para o Portal da Coep.
Pedro Monteiro Torres Neto é advogado, com formação acadêmica em Terceiro Setor e Responsabilidade Social. Tem grande participação em conselhos, movimentos e redes sociais, e engajamento em campanhas públicas e sociais, com atuação voltada à segurança alimentar e nutricional. É presidente do Conselho Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) de Goiás, membro do Consea Nacional e coordenador geral da Comissão dos Presidentes Estaduais desta instância, membro da coordenação do Fórum Brasileiro de Segurança Alimentar e Nutricional. É ainda voluntário no Programa Vagalume de alfabetização de jovens e adultos e na Oscip Moradia e Cidadania, onde atua como presidente executivo, além de atuar também na Rede de Educação Cidadã – Talher Goiás.
1- Há quanto tempo o senhor atua na área social e quais as principais atividades que já desenvolveu?
Pedro: Atuo na área social desde o final da década de 70. Como principais atividades, posso citar a participação como voluntáriona criação da Associação dos Artesãos da Cidade de Goiás e a organização de mutirão para construção de moradias no bairro Parque Amazonas, em Goiânia. Também na década de 80 participei do Jornal Unibairros da Cidade de Juiz de Fora (Minas Gerais), onde discutíamos os problemas de cada bairro com suas respectivas comunidades e publicávamos matérias com sugestões para a solução dos mesmos. Também fiz diversos outros trabalhos voluntários, como construção de associações de moradores, centros comunitários, discussão do Método Paulo Freire com as comunidades à luz de suasrealidades, dentre outros. Na década de 90, tive a oportunidade de ingressar no Comitê da Ação da Cidadania dos Empregados da Caixa ondeparticipeide diversos trabalhos, dentre eles a co-coordenação do projeto Engraxate e também do projeto Mosaico – destinados a jovens de baixa renda com foco na capacitação profissional e geração de trabalho e renda, além de acompanhamento das famílias deles.
A transformação dos Comitês em uma ONG e posteriormente em OSCIP, a Moradia e Cidadania, creio ter sido um grande salto para a realização de projetos estruturantes ao invés de emergenciais/assistencialistas.
Em 1.998 também tive a satisfação de compor a comissão de criação e instalação do COEP Goiás.
2. Que ações realiza atualmente?
Pedro: Hoje sou presidente nacional da ONG Moradia e Cidadania e também atuo em um bairro da periferia de Goiânia, Madre Germana,em trabalho social (oficinas, palestras, etc). Também continuo como membro do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), representando o Fórum Brasileiro de Segurança Alimentar e Nutricional (FBSAN).
3. O que destaca como mais marcante no trabalho que desenvolve ou desenvolveu?
Pedro: Um trabalho que jamais me esquecerei foi a coordenação do projeto (e depois programa) Vaga-lume, de alfabetização de jovens e adultos, em parceria com a Universidade Estadual de Goiás, prefeituras e, posteriormente, MEC/FNDE, dentro do Programa Brasil Alfabetizado, no qual chegamos a abranger mais de cem municípios no estado e mais de oitenta mil pessoas foram alfabetizadaspelo projeto. Ao final, realizávamos uma formatura que sempre era emocionante e de grande significado para aquelas pessoas humildes que tinham então a oportunidade de ter acesso à leitura de mundo, ou à luz, como eles mesmo diziam por se considerarem naescuridão até àquele momento. Foi umverdadeiro trabalho de cidadania.
4. Qual a importância do trabalho voluntário para a melhoria das condições de vida no Brasil?
Pedro: O trabalho voluntário cresce em todo o mundo e também no Brasil. E junto, cresce também a consciência da importância do trabalho social, principalmente para as comunidades de baixa renda – educação, saúde, moradia, geração de trabalhoe tantas outras vertentes. Podemos enxergar um Brasil diferente hoje. Quando iniciei na década de 70, era comum escutarmos pessoas nos questionando se éramos doidos de fazer um trabalho desse, que não iríamos “consertar” o mundo, que isso não era trabalho nosso, etc. Hoje pode-se perceber que o trabalho voluntário com foco no social e solidariedade é o que ajuda a impulsionar a melhorar as comunidades de baixa renda e a vida de tantos brasileiros/as; a modificar a vida de nosso país. Ainda não atingimos a cidadania plena, mas já demos bons passos nesse sentido.
5. Na sua opinião, houve mudanças nas características do trabalho voluntário nos últimos 15 anos no país? Quais?
Pedro: A partir da resposta anterior podemos perceber essa transformação. Cada vez mais pessoas estão arregaçando as mangas para abraçar o trabalho voluntário e também a diferença que ele faz. Betinho sonhou e hoje vemos o resultado em um país melhor e em busca dajustiça social, com mais dignidade para todos/as.
6. O que considera como os principais desafios do país na área social?
Pedro: O grande foco ainda continua sendo a educação. Somente teremos um país diferente – para melhor, claro, setivermos educação para todos/as e com qualidade. Não adianta fazer de conta que educamos. E o Brasil tem tudo para ser uma superpotência (não armamentista, mas no sentido humano e com dignidade para o seu povo); uma nação realmente. Outros grandes desafios são moradia e saúde.Podemos citar ainda a geração de trabalho e renda bem como a qualificação profissional, por ser uma área que requer atenção urgente e que pode trazer uma transformação social para o Brasil.
7. Qual a importância do Prêmio Betinho?
Pedro: Entendo que Josué de Castro foi o grande pensador brasileiro sobre a fome e a vida. É o nosso filósofo. Betinho também “filosofou” a questão da fome e da vida, mas o seu grande feito foi a mobilização da sociedade e governos federal, estaduais e municipais nesse foco. Podemos ver aí o resultado do COEP, dos Comitês da Ação da Cidadania, de tantas ONGs sérias, a transformação na visão do social no nosso país por parte de nossos governantes e políticos de um modo geral, bem como da sociedade de um modo geral. Tive o prazer de conhecer Betinho e agradeço muito por ter tido a oportunidade de trabalhar em rede em prol de um Brasil Cidadão. O Prêmio Betinho traz a oportunidade de mostrar tantos trabalhos voluntários excelentes, de fazer com que mais pessoas possam se envolver com esses trabalhos e na transformação do Brasil. De aprimorar a visão do voluntariado, do trabalho social e de nossas próprias vidas.
8.Quais suas metas para 2009?
Pedro: Pretendo continuar este trabalho de desenvolver a cidadania em nosso país para que ele possa ser cada vez melhor; sempre com mais pessoas ao nosso lado com esta visão de vida/mundo.Através dos projetos desenvolvidos pela Moradia e Cidadania, promover a melhoria da qualidade de vida de muitas famílias brasileiras de baixa renda,por meio da educação, geração de renda e qualificação profissional. Pretendo também contribuir para o avanço do direitohumano à alimentação adequada no Brasil e no mundo.