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Por Alvino Lemos, voluntário da Moradia e Cidadania AM
É normal que nesse clima tenhamos a percepção mais aguçada para aquelas coisas/pessoas que estão distante do cotidiano brasileiro.
Ciente dessa situação queria fazer um contraponto a essa visão e falar de uma pessoa comum, brasileira, paraense, que conheci numa das idas para o “campus” da Universidade Federal do Pará, um dos territórios onde se desenvolviam as atividades do FSM, uma cobradora de ônibus chamada RUTE.
Rute tem duas filhas, sendo que uma tem problemas sérios de saúde, o que a levou a vir morar na capital em busca de tratamento adequado para a filha. Tem o segundo grau completo e ainda não conseguiu chegar à universidade, em parte devido a sua situação econômica difícil e também porque precisa dispensar um tempo maior no cuidado da filha.
Na rápida conversa que tivemos, Rute falou-me da sua percepção dos problemas da cidade, da ganância dos empresários que exploram o transporte público, dos seus sonhos de chegar a universidade, agora que sua filha já está em melhores condições e de um programa de governo (pró-uni) que pode facilitar isso. Além disso, deu-me um “mapa” das inúmeras atrações culturais de Belém, a maioria das quais não tem acesso por razões econômicas.
“Na verdade, mais do que uma viagem rotineira para o campus da UFPA, Rute proporcionou-me um verdadeiro” tur” não só por Belém, mas pela imensa riqueza que cada pessoa encerra em si e que muitas vezes a pressa e os preconceitos que carregamos nos impedem de ver. Sua presteza em atender um turista brasileiro no FSM-Belém era a mesma com que atendia a todos que lhe solicitavam informações ao longo do trajeto.
Enfim, nada mais dentro do espírito do Fórum de “um outro mundo é possível” do que a gentileza e o carinho mostrados no nosso cotidiano.